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Luiz do Carmo pode manchar o legado de Iris Rezende e sua admiração por Altamiro de Moura Pacheco

A proposição do senador, além de ser uma afronta a memória do Dr. Altamiro  trilha o perigoso caminho de confronto com  a memória da cidade e  a fé alheia

 

Marcus Vinícius de Faria Felipe

É preciso reconhecer o valor de um justo. Está escrito em Provérbios 11:23:

“O desejo dos justos resulta em bem; a esperança dos ímpios, em ira”.

Dr. Altamiro de Moura Pacheco era um justo. Ele viveu segundo disse o profeta Isaias 26:7:

“A vereda do justo é plana; tu, que és reto, tornas suave o caminho do justo.

 

O médico e pecuarista  Altamiro de Moura Pacheco foi parceiro de primeira hora do seu também colega médico, Dr. Pedro Ludovico Teixeira, na epopeia da mudança da Capital da antiga Vila Boa para as campinas de onde surgiu Goiânia.

Foi o primeiro médico da Capital. Apoiou seu desenvolvimento. Batalhou pela criação da Universidade Federal de Goiás e pela instalação da Faculdade de Medicina no Estado. Doou terras para vários equipamentos públicos em  Goiânia:

 

  • Sua antiga residência, na rua 15, no centro, é hoje a sede da Academia Goiana de Letras;
  • Foi criador da Sociedade Goiana de Agricultura e Pecuária (SGPA), foi dele a doação do terreno onde está hoje o Parque de Exposições Agropecuárias de Goiás;
  • Sua fazenda, adquirida em 1938, a qual em vida preservou 70% da mata nativa, é hoje o Parque Estadual Altamiro Moura Pacheco, cuja área de 4.964 hectares garante a preservação de mananciais que garantem o fluxo hidrológico para o abastecimento de água de Goiânia.

 

E não bastassem as grandes realizações para consolidar Goiânia, Dr. Altamiro Moura Pacheco, a pedido do notável presidente Juscelino Kubistchek, foi designado presidente da Comissão de Desapropriação de Terras do Quadrilátero, tendo sido ele o responsável por convencer 80 fazendeiros a venderem para o governo federal as terras onde hoje está localizada Brasília.

Dr. Altamiro Moura Pacheco merece pois o respeito de todos os goianos.

O prefeito Iris Rezende Machado, que recentemente se juntou ao Dr. Altamiro na Pátria Eterna, tinha por ele grande admiração. Tanto, que foi no seu governo que recebeu a doação das terras para consolidação do parque que ele, Iris, denominou com o nome do benfeitor.

Iris não ficaria nada satisfeito com uma homenagem que maculasse a obra do grande benemérito de Goiânia. Não se sentiria confortável no túmulo sabendo que mudaram o nome do Aeroporto Santa Genoveva, cujas terras Altamiro de Moura Pacheco doou para dar à Capital um aeródromo digno.

Bem disse o Arcebispo Benemérito de Goiânia, Dom Washington Cruz: Genoveva é nome de Santa, da Padroeira de Paris, mas é, principalmente, o nome da mãe do Dr. Altamiro.

Com 9 mandatos, o vereador Anselmo Pereira em pronunciamento na Câmara Municipal completou:

“É importante reverenciarmos a memória de Iris Rezende Machado, mas chega um determinado momento em que temos que tomar cuidado. Tirar o nome do Aeroporto de Goiânia, da família que doou o aeroporto, que doou o Parque Ambiental Altamiro de Moura Pacheco, que doou a área de reserva da ETI, tirar o nome de Santa Genoveva para incluir o nome do nosso querido Iris Rezende Machado, eu tenho certeza de que ele não ficaria satisfeito. O Aeroporto Santa Genoveva é uma referência nacional e agora inclusive com vôos internacionais. Mudar este nome, no meu entender é um grave prejuízo, não só para os procedimentos da Infraero, mas para referência da família que doou boa parte dos seus terrenos de forma benevolente, gratuita e não pediu nada em troca, a não ser o nome de sua mãe para o Aeroporto Santa Genoveva”, frisou Anselmo.

A ação do senador Luiz do Carmo (MDB), portanto, é uma agressão à memória de um dos maiores benfeitores de Goiânia que nada dignifica a história dos quatro mandatos do prefeito Iris Rezende Machado (MDB). Ao contrário: macula, mancha, desbota, aleija Iris.

Digo isto porque se tinha uma coisa em que Iris foi cioso durante sua vida era o respeito às pessoas e às religiões. Iris nasceu em Cristianópolis, cidade fundada por fieis do segmento pentecostal da igreja cristã. Durante sua infância viu de perto os prejuízos que o conflito religioso trouxe à sua cidade, levando a expulsão dos católicos para o Arraial da Pirraça, cujas ruínas da igreja testemunham este triste momento da história de Goiás.

Desde que se tornou agente público Iris Rezende sempre teve o cuidado de obedecer a laicidade do Estado. Homem de fé evangélica, nunca discriminou as outras religiões. Prova disso é que sempre participou, como governador, prefeito ou senador das festividades do Divino Pai Eterno em Trindade, da celebração de Nossa Senhora Abadia do Muquém e de outras festividades católicas. Também durante sua gestão Iris apoiou o festival de Folia de Reis e Congadas e o Carnaval de rua, realizados com apoio da Secretaria Municipal de Cultura.

Desonrar Dr. Altamiro e estimular um conflito religioso é a última coisa que Iris poderia desejar em vida, ou no pós-vida.

Iris tinha divergência com Henrique Santillo, que o antecedeu no governo do Estado, mas nem por isto mudou o nome de nenhuma obra que inaugurou, e está ai até hoje com o mesmo nome o Hugo (Hospital de Urgências de Goiânia) criado por Santillo em 1986.

Fará muito bem ao senador Luiz do Carmo desistir da mudança do nome do aeroporto. Honrará mais a memória de Iris se não levar em frente seu projeto. Sua proposição, além de ser uma afronta a memória do Dr. Altamiro  trilha o perigoso caminho do desrespeito a memória da cidade e do conflito religioso.

 

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